Doryanthes excelsa

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Portrait
21-06-2013

Doryanthes excelsa

Quem visitou Monserrate por estes dias, não terá certamente deixado de reparar num estranho conjunto de plantas, que se encontram em flor, junto do caminho que circunda o Palácio de Monserrate na zona da sala de música.

Trata-se duma resistente planta australiana, que existe naturalmente na zona costeira junto a Sidney e que é localmente conhecida por Gymea Lily. O seu nome científico Doryanthes excelsa (dory – espada, anthes – flor, em grego, e excelsa – alta, em latim) foi-lhe atribuído pelo botânico português Abade Correia da Serra em 1802.

Tanto vive em pleno sol como em zonas de meia sombra. Embora prefira solos ácidos, como o de Monserrate, também pode viver em zonas calcárias. É das raras plantas australianas que se consegue transplantar com sucesso.

Quando é semeada demora 8 anos até florir pela primeira vez. Vive muitos anos, ninguém sabe exactamente quantos, sendo possível que as agora existentes em Monserrate sejam as plantadas no tempo de Francis Cook, que as terá possivelmente escolhido no livro 'Gatherings of a Naturalist in Australasia' (1860) by G. Bennett John van Voorst, Paternoster Row, London, onde aparecia a gravura aqui reproduzida do pintor W.H.Fitch.

Consegue sobreviver aos cíclicos fogos florestais da Austrália, pois o ponto de crescimento das folhas está enterrado cerca de 30 centímetros no solo.

Não é muito utilizada como planta de jardim, não só porque ocupa bastante espaço, mas porque a sua floração é bastante irregular, tanto podendo florir em anos seguidos como passar alguns desesperantes anos sem florir.

A razão deste estranho comportamento é que, de forma semelhante com muitas plantas australianas, para desencadear a floração é necessário que na atmosfera que a envolve exista durante um curto período de tempo uma concentração dum gás que é libertado pela combustão de madeira, o que acontece na sua zona de origem durante os incêndios florestais. As suas sementes vão assim germinar em terreno livre, por causa do incêndio, e serão fertilizadas pelas cinzas.

A razão porque este ano floriram as cinco plantas existentes nesta zona não foi felizmente um incêndio, mas as muitas queimadas feitas na Serra numa semana de Fevereiro em que não choveu, destinadas a queimar a madeira de muitas árvores que caíram com os ventos ciclónicos do final de Janeiro.

Abade Correia da Serra (1750 – 1823) num quadro de Domenico Pellegrini (1759 – 1840).

Fonte: Public Domain, via Wikimedia Commons

Para além de ter sido um dos fundadores da Academia das Ciências, viveu em Itália, Inglaterra, França e nos Estados Unidos, tendo conhecido os grandes naturalistas do seu tempo, ter publicado uma importante obra cientifica nas mais importantes publicações e ter sido amigo de Thomas Jefferson, 3º presidente americano, em cuja casa-museu ainda existe o quarto do seu amigo Correia.

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